Muito pode ser dito sobre o controverso criador francês Antonin Artaud, autor de “O teatro e o seu duplo”. Entre outras iniciativas, ele é responsável por estabelecer os fundamentos do que viria a ser conhecido por Teatro da Crueldade, agregando influência de surrealismo e dadaísmo para as montagens teatrais. Da radicalidade dessas experimentações resultam os questionamentos propostos por Ana Kiffer em Antonin Artaud (Editora da UERJ). O livro será lançado na quarta-feira, 27 de julho, às 19h, na Livraria Blooks (Praia de Botafogo 316 – Espaço Itaú de Cinema).
Na obra, Ana kiffer analisa a experimentação poética e pictural e os modos como certo “pensamento do corpo” emerge no escritor francês. Ana Kiffer encontrou, nas formas de expressão de Artaud, o terreno fértil para a construção de um olhar sobre a relação entre o corpo e a escrita. O reivindicar que Artaud faz da corporalidade no texto é fundamental para a compreensão de muitas das manifestações artísticas ocorridas no século XX. Entre elas, a poesia letrista, a música, a poesia concreta e a performance teatral, assim como as posteriores explosões estéticas e políticas da corporalidade no âmbito do teatro, da dança, das artes plásticas. Mesmo as inovações culturais que emergiram nos anos 1960 e 1970, tiveram inúmeros pontos de diálogo com os chamados que a obra de Artaud, desde os anos 1920 e 1930, colocava em cena.
Kiffer investiga cartas, diários, livros, roteiros, artigos, ensaios e documentos diversos. Trata-se de uma proposta que se afasta do registro dos mitos que circundam Artaud e mergulha em uma análise original de seus múltiplos trabalhos, iniciativa que pode propiciar debates com temas como o corpo e expressão artística, assim como discussões sobre arte contemporânea.