O exílio é uma marca que perpassa a poesia de Rose Ausländer, artista nascida em 1901, natural de Czernowitz, da região da Bucovina (atualmente parte da Ucrânia). De etnia judaica, precisou emigrar muitas vezes, como no fim da Primeira Guerra e antes e depois da Segunda Grande Guerra, em uma luta por sobrevivência, mas também pela expressão de sua identidade. Um ensaio sobre sua poética e uma breve antologia compõem o novo livro da coleção Ciranda da Poesia: Rose Ausländer por Simone Brantes.
Poetisa, mestre em filosofia e doutora em ciência da literatura (UFRJ) Simone Brantes destaca o trabalho com a linguagem na poesia de Rose Ausländer. O ensaio analisa o uso da palavra e a questão identitária – judaico-alemã familiar (Rose é filha de mãe alemã e pai judeu), assim como sua vivência em Bucovina, região em que se falavam as línguas dos povos alemão, judeu, romeno e ruteno. A palavra para Ausländer equivale à língua materna e representa suas raízes, sua origem, a identidade de uma expatriada.
A partir de uma interpretação do poema “Meu ar”, Simone Brantes detalha nuanças do trabalho com a linguagem sob um olhar filosófico, propondo um diálogo entre a elaboração poética de Ausländer e conceitos de filósofos alemães como Hegel, Heidegger, Gadamer, dentre outros. Vale destacar que a autora foi responsável pela tradução dos poemas, e inclui, no livro, reflexões sobre a atividade de tradução. Além disso, a Ciranda traz as versões originais dos poemas de Ausländer.
O novo volume da coleção inaugura uma parceria entre a EdUERJ e a Editora da Universidade Federal do Paraná (EdUFPR), com previsão de mais dois lançamentos para o primeiro e segundo semestre de 2020: Adília Lopes por Sofia de Sousa Silva e Manoel Ricardo de Lima por Annita Costa Malufe.