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Desbunde e felicidade: literatura como resistência

Literatura, sexualidade, mercado editorial e política latino-americana. Esses quesitos se entrelaçam em Desbunde e felicidade – Das cartoneras a Perlongher, de Cecília Palmeiro, lançamento da EdUERJ. No estudo, percebe-se a genealogia de uma literatura latino-americana que não se restringe às páginas de livros, evocando a sexualidade e o corpo como formas de resistência política às ditaduras ou aos ditames capitalistas.

“Desbunde felicidade” movimenta-se entre a Argentina e o Brasil. Há um personagem comum aos dois cenários: Néstor Perlongher, poeta argentino, antropólogo e militante das causas LGBT, um dos líderes da Frente de Liberación Homosexual (FLH), de1971 e 1975. Em 1981, Perlongher emigrou para o Brasil onde atuou também com movimentos culturais e políticos até sua morte, em 1992. Vivenciou as duas ditaduras.

Explica Palmeiro: “Esse paradigma de militância de esquerda – com seus modos de participação e intervenção, suas noções de subjetividade e suas imagens utópicas e, especialmente, sua política artística – é colocado em Perlongher, que se encontrava dividido entre esses debates e a produção literária, propôs um novo terreno de experimentação estética através da politização do corpo como instância (arma) revolucionária”.

O primeiro capítulo enfoca a produção literária de Perlongher, enquanto o segundo, tem como objeto a emergência, no Brasil, de novos sujeitos políticos minoritários, como o grupo SOMOS, que nasce inspirado pela FLH, de Perlongher. Partindo de textos de Glauco Mattoso, o livro analisa a formação do Movimento Homossexual Brasileiro, assim como a experiência que constituiu a poesia marginal.

No terceiro e último capítulo, “Buenos Aires era uma festa”, a autora destrincha as expressões artísticas e políticas que reverberaram na Argentina nos anos 2000. Iniciativas como as da galeria e editora Belleza y Felicidad e da editora Eloísa Cartoneras, que propuseram democratizar a literatura por meio de novas formas de produção editorial, como edições artesanais, porém mais acessíveis financeiramente ao público. Livros feitos a partir de papelão, no caso da Cartoneras.

Esse capítulo também observa o crescimento da cultura queer-trash, com a publicação dos primeiros romances de Fernanda Laguna/Dalia Rosetti, Washington Cucurto, Gabriela Bejerman, Alejandro López e Dani Umpi.

Escrito originalmente como tese de doutorado no Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Princeton, essa obra tem a tradução de Paloma Vidal e pode ser obtida pelo link abaixo:

http://eduerj.com/?product=desbunde-e-felicidade-das-cartoneras-a-perlongher