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Podcast da EdUERJ: Maria Alice G. Antunes fala de autotradução 

O 22º episódio do Podcast da EdUERJ traz, como convidada, Maria Alice Antunes, professora visitante da UFPB e organizadora do livro “Autotradução: questões sempre atuais – pontos de vista distintos” (EdUERJ, 2024). A professora discutiu o que leva um autor a se autotraduzir e como essa prática foi adotada até por escritores renomados como João Ubaldo Ribeiro. O episódio aborda desde as origens históricas da autotradução, passando por seu papel nas dinâmicas globais, até sua função na preservação de idiomas minoritários.  

Antunes começa situando a autotradução como uma prática antiga. Ela menciona a Pedra de Roseta, de 196 a.C., que traz três textos entalhados em línguas diferentes e “possivelmente escritos pelo mesmo escriba”. Também cita Flávio Josefo, historiador antigo que, no século I d.C., traduziu ele próprio sua obra “A Guerra dos Judeus”. Esses exemplos históricos demonstram a longa tradição da autotradução, ainda relevante no cenário atual.  

Apesar de ser uma prática longínqua, a professora observa que a autotradução, enquanto campo de estudo acadêmico, é recente e se desenvolve especialmente em países e regiões com questões bilíngues, como Espanha (basco e catalão), Canadá (inglês e francês) e Estados Unidos (inglês e espanhol). Ela explicou ainda que o sentido de autotradução trabalhado na pesquisa é a tradução linear (ou restrita), que envolve “dois textos bem definidos, um texto fonte e um texto alvo”, ambos escritos pelo mesmo autor. Essa atividade se distingue da “tradução não linear”, na qual o autor realiza uma “tradução mental” simultânea, sem um segundo texto concreto, mas com a ideia do conteúdo vertido para outro idioma de forma abstrata. 

A pesquisadora avalia o livro da EdUERJ como uma contribuição significativa para esse campo do conhecimento, com uma diversidade de olhares, inclusive de múltiplas nacionalidades, sobre o fenômeno linguístico. A obra traz autores que traduzem seus próprios trabalhos – e apresentam o fenômeno da maneira como eles o percebem – e também estudiosos da autotradução.  

Antunes chama a atenção também para o caráter de resistência linguística que o fenômeno da autotradução pode representar em alguns casos. “Eu descobri recentemente uma região no nordeste de Portugal onde existe uma língua, o mirandês. Lá, em Miranda do Douro, existem muitos autotradutores, e a autotradução virou uma atividade de resistência para salvar a língua mirandesa da extinção”, comenta. 

A conversa está disponível na íntegra nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Youtube. Acesse https://www.youtube.com/watch?v=OocfXvKLEAc&list=PLPXKfuKJ7Afq0vMDG3lD0VJl6ichWyxx2&index=1