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A violência das letras: amizade e inimizade na literatura brasileira

Nesta quarta-feira, 25 de julho, a Editora da UERJ lança, na Blooks Livraria, o livro Violência das letras – amizade e inimizade na literatura brasileira 1888-1940, de César Braga-Pinto. A assessoria do autor nos enviou um texto de divulgação do livro, que segue abaixo:

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A violência das letras – A amizade e inimizade na literatura brasileira (1888 – 1940)
César Braga-Pinto

Como uma nação dividida, social, racial e economicamente, veio a se imaginar como cordial, democrática e harmônica? Qual o papel dos escritores e da literatura na construção de uma retórica da nacionalidade que se baseia em exclusões, mas que, ao mesmo tempo, as oculta? Como se deu a transição de um discurso dominante sobre a amizade, assumidamente elitista e aristocrático no final do século dezenove, para aquele em que, a partir dos primórdios do século XX, imagina o Outro enquanto amigo e irmão? Em que medida o discurso harmonizante da fraternidade nacional preserva e ao mesmo tempo oculta antigas noções aristocratizantes e excludentes de amizade? De que maneira a expressão “equilíbrio de antagonismos”, empregada por Gilberto Freyre, expõe a história desta vontade ambivalente de inclusão e exclusão da diferença?

De uma perspectiva interdisciplinar, entre a crítica literária e a história, e que inclui análise do discurso, estudos de gênero e de raça, além de uma extensa pesquisa de arquivo, A violência das letras examina as diversas formas pelas quais, entre 1888 e 1940, homens da classe letrada imaginaram e praticaram a sociabilidade e a cidadania no Brasil. Trata-se de compreender o lugar das noções de amizade e concórdia – com seus corolários, ou seja, as inimizades, as rivalidades, as hostilidades e a discórdia – nas letras nacionais, tema frequentemente associado a questões de democratização, de um lado, e exacerbação das diferenças ou desigualdades sociais, étnicas e raciais, de outro.

Partindo dos debates em torno da introdução do duelo no Brasil em 1888 e de uma leitura da trajetória pessoal, literária e política de Raul Pompeia, com sua posição ambivalente frente à dinâmica da inclusão e da exclusão, o livro analisa textos de escritores como Adolfo Caminha, Machado de Assis, Nestor Vítor, Cruz e Sousa, Manuel Bandeira, Gilberto Freyre e José Lins do Rego. O autor discute também como, a partir do final do século XIX, a luta por um espaço de prestígio e influência levaria à formação de grupos articulados em formas de agremiação, com rituais específicos de pertença e, principalmente, de exclusão.

A violência das letras articula a necessidade e o desejo não só de se imaginar, mas também de se construir novas práticas discursivas, assim como uma nova política das amizades, independentes tanto da consanguinidade quanto da proximidade territorial, nacional, regional, bairrista ou doméstica. Um de seus pressupostos é que nem os amigos, nem a família, nem a nação – talvez nem mesmo a literatura –podem representar um refúgio para o que há de irreconciliável na política e na vida pública.

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Para quem quiser conferir o que este blog escreveu anteriormente sobre o livro Violência das letras, segue o link:

http://eduerj.com/?p=16218