Na quarta-feira, 25 de julho, a Editora da UERJ lança A violência das letras – A amizade e inimizade na literatura brasileira (1888 – 1940)”, de César Braga-Pinto. O lançamento será na Blooks Livraria, às 19h. Na ocasião haverá um debate com o autor e o professor Paulo Roberto de Souza Dutra, da Stephen F. Austin State University.
Segue o nosso release sobre este livro.
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Editora da UERJ lança “A violência das letras”
Um estudo da sociedade brasileira do fim do século XIX e começo do século XX, delineado a partir das evidências de como os escritores se relacionavam e como retratavam, em suas obras, os mecanismos das interações sociais. Esta é a proposta de “A violência das letras – A amizade e inimizade na literatura brasileira (1888 – 1940)”, de César Braga-Pinto, lançamento da EdUERJ.
Na ficção brasileira, o tema da amizade entre dois homens marca profundamente a produção literária até a virada do século XIX, costumeiramente associada a um contexto político em que se debatem processos de democratização ou a desigualdades sociais, étnicas e raciais. O tema dilui-se a partir da década de 1920 e, sobretudo nos anos 1930, quando personagens solitários, de autores como José Lins do Rego, começam a sobressair.
César Braga-Pinto debate as vivências de fraternidade, como reflexo dos valores da época, observando como funcionavam os paradigmas de inclusão (ou exclusão) racial, social ou sexual. Também aponta aspectos da trajetória de literatos como Raul Pompéia, Cruz e Souza, Nestor Vitor e José Lins do Rego e Gilberto Freyre, entre outros.
Fica nítida a preocupação de muitos escritores com questões relativas à defesa da honra e com preceitos de uma conduta cavalheiresca, associadas a provas de masculinidade. Neste sentido, o livro trata de Raul Pompéia (autor de “O Ateneu”), que tirou a própria vida, e de Adolfo Caminha (de “Bom crioulo”), cujo livro causou polêmica, mesmo reforçando estigmas raciais e sexuais.
Há um capítulo abordando o duelo, prática que seduziu homens letrados aspirantes a “mostrar o caminho para a construção da nação moderna”. Curiosamente, se as lesões ocasionadas por duelo não destinariam maiores penas ao agressor, o mesmo não se aplicava à capoeira, considerada crime comum. Tratava-se de uma distinção racialmente delimitada.
Outro destaque é o capítulo dedicado a Nestor Vitor, escritor que lutou para assegurar o reconhecimento devido ao amigo Cruz e Souza, poeta gênio do simbolismo, mas alvo de discriminação racial.
O lançamento da EdUERJ é multidisciplinar, abordando aspectos de história, sociologia e literatura. Trata-se de uma viagem pelo acervo e pela memória da cultura brasileira. Para isto, constrói um olhar sobre o repertório de afetos que marcou a vida de tantos intelectuais, sem deixar de trazer à tona as exclusões e violências perpetuadas em nome dos amigos e dos irmãos.