José Carlos Chiaramonte, historiador argentino, é um autor bastante conceituado em função das inquietudes explicitadas no decorrer de sua longa e sólida trajetória acadêmica e em livros como “Nacionalismo y liberalismo econômicos em Argentina (1971)”, “Formas de sociedade y economia em Hispanoamérica (1983)” ou “Raices históricas del federalismo latino-americano (2016) ”
Entre suas obras, está “Problemas da história e da História: reflexões sobre o passado e a disciplina histórica”, que chega às livrarias brasileiras graças à parceria entre a EdUERJ e a Editora Puc-Rio. O título tem tradução de Alessandra Gonzalez de Carvalho Seixlack e Priscila Sobrinho de Oliveira.
O livro decorre em grande parte dos esforços de Chiaramonte em propor perspectivas e olhares sobre as trilhas que cabem a um historiador. Logo no título o mestre faz uma distinção: História (com h maiúsculo) alude à disciplina e o substantivo história é empregado para seu objeto de estudo.
A partir daí são apresentadas reflexões sobre os estudos da teoria da História, apontando os desafios do historiador frente a um objeto de pesquisa ausente, de caráter predominantemente conceitual.
Para exemplificar o problema, Chiaramonte cita os estudos de Paleontogia, que tem a vantagem de contar com a materialidade das “relíquias do objeto desaparecido”.
– O que é investigado na História não é um objeto material, mas um objeto conceitual construído a partir de fontes.
No caso, as fontes são relatos dos participantes, artigos de jornais, panfletos, livros, biografias, dados econômicos e dados culturais, entre outros. Mas mesmo essas evidências correm o risco de serem contaminadas por subjetividades como pressupostos ideológicos ou preconceitos inerentes às afinidades intelectuais ou emocionais do historiador com o objeto de sua pesquisa. O professor vê com cautela esses empecilhos:
“Se considerássemos impossível o conhecimento do passado tal como ele ocorreu, o que a História teria a fornecer seria uma criação discursiva, equiparável às obras de ficção”.
A publicação contempla também aspectos como a influência dos Historiadores da Escola de Annales, movimento historiográfico francês surgido a partir do periódico Annales D”historie économique et sociale, e de Fernand Braudel para a historiografia latino-americana do século XX. Outro tema é o papel do direito natural na história política das antigas colônias anglo e ibero-americanas, que surge na segunda parte do livro.
Pela pertinência dos assuntos e a qualidade do autor, é um título que vai atender sobretudo a estudiosos de história e de Ciências Humanas.