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Episódio de Podcast da EdUERJ debate Senhora, de José de Alencar

O 28º episódio do Podcast da EdUERJ recebeu Ana Karla Canarinos, professora de literatura do Instituto de Letras da UERJ, e Gustavo Bernardo, editor-executivo da EdUERJ. A conversa girou em torno do romance “Senhora”, de José de Alencar, que acaba de ganhar uma nova edição pela Editora da UERJ, pela coleção EdUERJ de Bolso, série vestibular.

Considerado um marco do realismo brasileiro, o livro acompanha o jogo de poder e sentimentos que se desenvolve após a jovem Aurélia herdar uma fortuna e decidir se vingar de Fernando Seixas, que a abandonara por um casamento de interesse. Para Ana Karla, apesar de se passar no século XIX, a história ainda dialoga com questões muito atuais “Essa relação do conflito do casamento com uma transação mercantil existia muito naquela época e continua existindo. De algum modo, o casamento ainda pode ser um meio de ascensão social.”

Entre os temas abordados, os convidados exploraram a figura do “narrador intruso” que percorre boa parte dos romances do século XIX, e está presente também na escrita de Alencar. Esse narrador, longe de ser neutro, orienta a interpretação do leitor e molda a percepção sobre mocinhos, vilões e classes sociais. “Quando ele (o narrador de Senhora) vai descrever a classe baixa, geralmente traz adjetivos como ‘gordinha’, ‘baixinha’, ‘sem muitos modos’. Há sempre um tom de comédia ou rebaixamento. É uma narrativa que condiciona a visão do leitor sobre aquela personagem”, comentou a professora. Além de assinar o posfácio da nova edição, Ana Karla participará do ciclo de palestras do vestibular, promovido pela UERJ. Voltado para os vestibulandos, o encontro acontece em 19 de agosto no campus Maracanã, às 15h, com expectativa de casa cheia.

“Senhora” também é leitura indicada para o segundo exame de qualificação do vestibular da UERJ. Durante a conversa, Gustavo Bernardo destacou que a presença de livros obrigatórios no exame amplia o acesso à literatura “Muitos acham que indicar o livro significa elitizar o vestibular. Só que com essa desculpa você não só tira como limita mais o acesso dos candidatos, dos adolescentes à literatura”. E acrescenta que o romance é “uma obra de ficção escrita numa época antes da televisão, antes do cinema. Quase, praticamente antes da fotografia, que vai se consolidando no século XIX também. Então de alguma maneira é um outro tempo, né? Um outro tempo com outro ritmo, né?”

Texto de Beatriz Araujo (supervisão de Ricardo Zentgraf)