Não há nada como conhecer bem a sua área de atuação. Contudo, esse conhecimento requer fontes bibliográficas que prezem pela qualidade das informações. Nesse sentido, o lançamento Memórias da Fisioterapia, de Regina Maria de Figueirôa, constitui-se um aliado para os pesquisadores da referida área. O livro, lançamento da Editora da UERJ, oferece um panorama do desenvolvimento da profissão, percorrendo a evolução histórica do fazer fisioterapêutico no Brasil, com atenção especial para o Rio de Janeiro, e no mundo.
A obra serve de referência tanto para os que ingressam na área hoje; quanto para aqueles que já atuam nela. Dessa maneira, instituições e fatos que contribuíram para o exercício e reconhecimento da profissão do fisioterapeuta são abordados nesse livro: as primeiras instituições de ensino de Fisioterapia no país, bem como, a caracterização da área em diferentes épocas, como Antiguidade, Idade Média ou Renascimento.
O livro destaca a tradição a respeito de posturas do corpo, práticas de movimentos e exercícios respiratórios. Segundo a autora, antes mesmo da era Cristã, essas práticas eram utilizadas para o alívio e tratamento de dores. Ou seja, desde a Antiguidade, o trabalho com o corpo é pensado com fins fisioterapêuticos por estudiosos gregos, indianos e chineses. Na Idade Média, contudo, os estudos da área da saúde foram interrompidos devido à influência da igreja católica, que restringia o papel do corpo ao de recipiente da alma.
A autora aponta, então, que apesar de ser uma prática milenar, a profissão do fisioterapeuta só foi reconhecida no século XX, muito em função da importância que ganhou durante a primeira e segunda guerra mundiais. Estados Unidos e Canadá foram os primeiros países que se interessaram por estudos, preparo e pela inserção no mercado dos profissionais fisioterapeutas. No Brasil, a profissão surgiu em 1950. Segundo a autora, o quadro de saúde abalado pela poliomielite foi o propulsor do interesse e desenvolvimento da profissão no país, assim como os acidentes de trabalho – o Brasil era o país com maior número de casos da América do Sul.
Também no Brasil, a reabilitação é um fator importante para o reconhecimento e surgimento do profissional fisioterapeuta. Em 1951, técnicos chegaram ao país, enviados por entidades internacionais, em favor da abertura de um centro de reabilitação. A ausência de profissionais habilitados fez com que se investisse na formação de pessoal para o trabalho.
Memórias da Fisioterapia intenta contar as memórias do desenvolvimento da profissão, suas conquistas e adversidades. Com certeza será de grande valia para professores, alunos e pesquisadores da área.
Geiselaine de Medeiros