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Livro aborda etnicidade feminina em culturas indígenas

Um estudo sobre a perspectiva feminina no âmbito das culturas e tradições constitutivas de etnias indígenas. Essa é a proposta de “Nasci numa viagem, no balaio das estrelas: histórias de mulheres indígenas no Vaupés”( EdUERJ, 2024), de María Rossi Idárraga. 

O livro empreende uma pesquisa com as integrantes de tribos na região do Vaupés, na Amazônia colombiana, e adjacências. Nesse trajeto, a autora entrevistou 40 mulheres indígenas e mestiças, que falaram sobre suas experiências cotidianas, incluindo questões como as relações interétnicas e temas sensíveis como violência, perda e suicídio. O cenário predominante foi Mitu, cidade cujo nome alude ao pássaro conhecido por Mutum, e é o maior departamento de Vaupés.  As condições sociais das integrantes das tribos são afetadas pela falta de estrutura na região, que depende de transferências do governo central para o funcionamento da energia elétrica, do aqueduto, dos sistemas de saúde e de educação. 

Neste panorama, coube à pesquisadora, aprofundar a compreensão de como as mulheres indígenas lidam com aspectos como identidade e pertencimento e com o fato de determinadas tradições patriarcais estarem enraizadas na estrutura dos coletivos. Um exemplo da primazia do quesito masculino é que as mães indígenas não transmitem o legado étnico aos filhos, que são considerados pertencentes à etnia do pai. Da mesma forma, após o casamento, a mulher se muda para a tribo do parceiro, caso este seja de outra etnia. Em face dessas vivências, a obra questiona as relações de parentesco, etnicidade e pertencimento em razão de como são construídas e representadas as coletividades entre os povos no Vaupés.

As entrevistadas pertencem a vários grupo étnicos, em sua maioria, de grupos de línguas da família tukano, mas não exclusivamente. Além disso, são bastante heterogêneas: têm diferentes ocupações, umas trabalham na roça e outras no escritório, e diferentes graus de escolaridade; e quase todas tiveram educação religiosa.  

“Elas não se narram como estrangeiras nem como ausentes, mas como construtoras e cuidadoras das relações com as quais dão sentido a seus lugares no mundo”, explica Rossi.  

A autora percebe que suas entrevistadas “se consideram indígenas e, para todas elas, isso é um elemento determinante nas suas relações, sua vida, sua identidade, suas possibilidades e seus anseios”.  O livro foi baseado em tese de doutorado realizada no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.