“A política da vida diz respeito ao sentido dado à vida e à forma de tratar as vidas em várias sociedades”. A partir desta definição, o sociólogo Didier Fassin procurou refletir sobre a discrepância entre o valor da vida, como um bem abstrato, e o valor das vidas, no plural, como símbolo da existência concreta dos seres humanos. Os saberes sociológicos, antropológicos e filosóficos misturam-se em Didier Fassin entrevistado por Débora Diniz, lançamento da EdUerj.
Médico, antropólogo, e sociólogo, ex-vice presidente da organização Médico Sem Fronteiras, Didier Fasin trata de temas caros à sociedade contemporânea. Na entrevista conduzida pela antropóloga Débora Diniz, ele aborda assuntos como saúde pública, exclusão social, e migração, sobretudo na sociedade francesa, e em outras partes do mundo, em uma discussão atualíssima. Com trabalhos de campo no Senegal, Equador, África do Sul e França, seu depoimento evoca temas contundentes relacionados a polícia, justiça e prisão, propondo reflexões sobre segurança, punição e desigualdades.
Uma das experiências citadas por Didier relaciona-se ao vírus da Aids/ HIV na África do Sul na década de 90. Eram muito populares as convicções do presidente local e dos ministérios de que o vírus estaria relacionado à pobreza e de que os medicamentos Anti-HIV seriam perigosos. Mesmo que não partilhasse dessas ideias como médico e sanitarista, como antropólogo, Fassin não poderia simplesmente condenar tais crenças. Seu objetivo tornou-se entender por que as pessoas apoiavam o governo nessas questões e acreditavam que seus representantes estavam certos. Para Fassin, “a contribuição mais importante dos antropólogos ao mundo social é deixa-lo mais inteligível”.
Didier Fassin, entrevistado por Débora Diniz integra a Coleção Pensamento Contemporâneo, somando-se a uma relação que já publicou a entrevista de personalidades como Samuel Moyn, Celso Furtado ou Adib Jatene. Ao final, a obra traz uma lista resumida dos principais livros e artigos de Fassin, ajudando aqueles que desejarem prosseguir pela sua produção intelectual. A publicação da EdUERJ tem o mérito de nos colocar em sintonia com um pensador que convida a refletir sobre a importância de nossas vidas e nos faz questionar a nossa humanidade.
De Priscilla Gaspar (Estudante de Letras – 8º período), com Ricardo Zentgraf (supervisão)