Vamos falar agora de um livro que está disponível em versão impressa e também para download.
“Tradução em (ent)revista: Simone Schwarz-Bart e as tradutoras brasileiras”, de Vanessa Massoni da Rocha, nasce da inquietação de estudar um processo tão enigmático quanto transpor um romance para outro idioma. Para ilustrar o tema, o livro da EdUERJ reúne depoimentos de Simone Schwarz-Bart, autora guadalupense, e de suas tradutoras Estela dos Santos Abreu e Eurídice Figueiredo, responsáveis por verter ao português, respectivamente, os livros A ilha da chuva e do vento (em 1986) e Joãozinho no Além (em 1988).
Em entrevistas concedidas para a publicação, as tradutoras descrevem como lidaram com questões delicadas, tais como adaptar para o português elementos típicos da fauna e da flora das Antilhas ou aspectos do universo identitário caribenho. Essas situações se tornam recorrentes diante da escrita de Simone Schwarz-Bart, cujo texto espelha tradições caribenhas e resulta, eventualmente, em uma mistura linguística de vários matizes. Estela dos Santos Abreu e Eurídice Figueiredo encarregaram-se da tarefa de traduzir esse rico universo na década de 80, sem o amparo tecnológico que hoje nos acalenta (ou assombra). Em seu depoimento, Simone Schwarz-Bart compara o ato de traduzir a um “transplante” dos livros em novas terras.
A publicação da EdUERJ também inclui uma entrevista com Simone Schwarz-Bart, artesã literária que valoriza a força do matriarcado em suas tramas. O entendimento de sua obra é ampliado por capítulos que ilustram as dimensões cultural, social e política de seus enredos. Sua verve enfatiza a voz de personagens tradicionalmente silenciados, principalmente colonizados e seus descendentes, descortinando questões caras à diáspora negra no Caribe.
“Tradução em (ent)revista: Simone Schwarz-Bart e as tradutoras brasileiras” permite uma visão ampla do delicado processo de tradução, além de propor um estudo sobre a faceta literária de Schwarz-Bart.