Então o vencedor do Jabuti foi o livro sobre Machado de Assis!
Há uma coincidência que passaria despercebida aos olhos de muitos, mas certamente não para os que acompanham os lançamentos da Editora da UERJ e sabiam que estávamos concorrendo ao Prêmio Jabuti, com “Machado de Assis e o cânone ocidental – Itinerários de leitura”, da professora Sonia Netto Salomão.
Assim que soube da conquista do Jabuti, ainda recebi a notícia com uma certa parcimônia, poderia ser verdade, o livro é ótimo, mas vamos conferir. É salutar certificar-se antes de espalharmos, certo?
Fui a um site de notícias e deparei-me com o fato de o grande vencedor ter sido Silviano Santiago, com “Machado”, que saiu pela Companhia das Letras. A obra aborda os últimos anos de vida de Machado de Assis, em uma literatura que transita entre o romance e a biografia. Ele foi agraciado na categoria romance, possivelmente a estatueta mais cobiçada. Foi o suficiente para eu considerar a possibilidade de que talvez houvesse um equivoco em relação à informação sobre a conquista da EdUERJ. Achei que a pessoa que me avisou poderia ter visto a manchete com o nome Machado (referindo -se ao livro de Santiago) e ter achado que era o nosso. Mas não houve desatenção nenhuma, era a mais pura verdade!
E por acaso, dois livros tratando de Machado de Assis (em estilos totalmente diversos!) lá é muito?
Acho que fica a lição de que nunca é demais estudar ou falar sobre Machado de Assis. Não bastasse sua produção literária distribuída em romances, contos e poesias, ele segue como uma inspiração profícua para biografias, ficção ou livro de ensaios. O interesse pelos seus livros permanecer só reafirma sua qualidade, ainda mais um autor que morreu em 1908. Acho que no fundo todo escritor brasileiro gostaria de ser Machado de Assis.
Sobre “Machado de Assis e o cânone ocidental”, o livro tem o mérito de analisar as influências do imortal, levantando principalmente ingredientes da cultura italiana. A professora Sonia Netto Salomão, que atualmente leciona na Sapienza, Universidade de Roma, destaca, perante o olhar do leitor, como a condição de frequente espectador das operas e de teatro dramático italiano influenciou o autor de Dom Casmurro. O livro integra a Coleção Brasil-Itália, cuja proposta se insere no âmbito dos programas de internacionalização das universidades e, em particular, no intercâmbio entre a UERJ e a Universidade de Roma La Sapienza
É a segunda vez que a EdUERJ conquista o prêmio. Em 2014, a EdUERJ recebeu pelo livro Ciência do futuro e futuro da ciência: redes e políticas de nanociência e nanotecnologia no Brasil, de Jorge Luiz dos Santos Junior. Na época, conquistou o terceiro lugar na categoria Ciências exatas, tecnologia e informática.
por Ricardo Zentgraf