A vontade de debater soluções para a crise do Rio de Janeiro superou de longe qualquer possibilidade de permanecer em casa. Mesmo ocorrendo no finzinho da tarde de sexta-feira, com o agravante de estarmos em um período pouco propício de final de mês, nada disso impediu que o Instituto Pereira Passos (IPP) lotasse o seu auditório. O motivo? O lançamento de “Revisitando o território fluminense VI”, publicação da Editora da UERJ, com uma apresentação do diretor da EdUERJ, professor Glaúcio Marafon e do economista Mauro Osório, diretor do IPP.
O professor Mauro Osório fez uma palestra sobre a situação do Estado do Rio de Janeiro. Trouxe alguns números alarmantes para os presentes. Por exemplo, os indicadores do Índice Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) levantados para os 196 municípios da região sudeste não trazem nenhuma região do Estado do Rio entre os melhores resultados. Por outro lado, todos os piores desempenhos são provenientes do Estado do Rio. “Em 40% das escolas de Caxias não há cano de água”, lamentou.
Sobre a famigerada crise do Rio, previu:
– O começo da saída para a atual situação passa por um investimento em estrutura da periferia metropolitana. Seja para melhorar a qualidade de vida, despoluir a baia da Guanabara de forma definitiva ou para atrair empresas. Estas para se instalarem precisam de ter agua, esgoto, energia elétrica…
O professor Glaucio Marafon, um dos organizadores de Revisitando o território Fluminense VI, apresentou o livro. A obra integra a coleção criada em 2003, com a missão de divulgar as pesquisas e trabalhos desenvolvidos pela equipe do Núcleo de Geografia Fluminense (NEGEF). O trabalho de campo com bolsistas do NEGEF levou o professor a visitar os 92 municípios fluminenses e perceber o contexto adequado à iniciativa:
– Existe uma necessidade de se construir pontes e conexões com o interior fluminense.
Após a apresentação dos professores, houve bate-papo com os presentes. A própria natureza, com apoio do homem, poderia colaborar para a economia?
O professor Glaucio explicou:
– A força da agricultura no estado do Rio de Janeiro está na sua diversidade. Se o Estado apoiasse mais essa diversidade, essa agro industrialização, nós teríamos nichos de mercado e o fortalecimento da agricultura familiar.
Aliás, a agricultura é um dos temas abordados pela publicação da EdUERJ. que apresenta 17 capítulos reunindo aspectos sociais, econômicos, e ambientais que afetam a região. Com apoio da Faperj, os seus seis volumes reúnem 92 artigos, produzidos por mais de cem autores. A leitura certamente fornecerá combustível para o debate sobre o território fluminense.
– Mais do que pesquisas, a intenção do nosso trabalho é formar pessoas, recursos humanos, geógrafos envolvidos com o debate sobre a situação do Rio de Janeiro – explicou o diretor da EdUERJ.