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Quem é a mulher que brota da escrita feminina?

Quem é a mulher que brota da escrita feminina? Como esta personagem é influenciada pelas vivências de suas autoras e por momentos marcantes da trajetória da mulher na sociedade, como o advento da liberação sexual nos anos 1970? Estas são questões que não apontam um caminho único, mas as pistas podem ser conferidas em Mulheres ao espelho – autobiografia, ficção e autoficção, de Eurídice Figueiredo. Lançado originalmente pela EdUERJ em 2013, a obra recebeu uma nova tiragem neste ano, e é uma ótima opção para pesquisadores da área de letras, principalmente aqueles que se interessam por temas ligados ao gênero feminino e às escritas de si, como a biografia, a autoficção e as memórias.

Em sua busca por essas representações do feminino, a obra da professora de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF) mergulha na produção literária feminina francesa e brasileiras, aquecendo o debate sobre os limites que separam biografia e ficção.O livro nasceu da observação de Eurídice Figueiredo da maneira por vezes agressiva como autoras francesas contemporâneas, como Lolita Pille, Christine Angot e Catherine Millet, utilizam textos de teor biográfico para expressar a sexualidade. O questionamento sobre possíveis paralelos na literatura brasileira deflagrou a reflexão que interliga os processos criativos, as diferenças culturais entre França e Brasil e o caminho pelo qual a mulher retrata sua afetividade, inserindo as criadoras no contexto social de seus países.

Estruturalmente,   Mulheres ao espelho parte de uma análise das escritas de si, utilizando referências como Vincent Colonna e Serge Doubrovsky (e suas definições para autoficção) e Roland Barthes (com sua reflexão sobre “a morte do autor”), entre outros. A publicação traz temas diversos, como as escritas da sexualidade, a geração francesa de escritora dos anos 1970, as mulheres marginalizadas e as novas vozes literárias das mulheres negras e indígenas. Determinadas escritoras, como Nélida Piñon, Tatiana Salem Levy, Carola Saavedra, Adriana Lisboa e Annie Ernaux, mereceram capítulos à parte.

Sem fugir de tópicos polêmicos como prostituição, incesto e pornografia, Mulheres ao espelho… percorre a produção feminina em busca da mulher que se faz retratar, seja personagem ficcional ou personagem de si mesma, constituindo uma proposta de leitura sem contraindicações para os estudiosos de literatura, brasileira ou francesa, e uma opção para aqueles que almejam compreender os mecanismos da arte como expressão da sexualidade.