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Livro analisa cena de rock/metal em Angola

A trajetória das bandas de heavy metal e rock africanas são o objeto de estudo de “We do rock too: formas de criatividade do movimento do rock angolano”, de Melina Aparecida dos Santos, lançamento da Editora da UERJ (EdUERJ). O livro analisa a cena de rock/metal em Angola a partir de uma minuciosa pesquisa e de entrevistas com integrantes das bandas locais.

Para a concepção do livro, a autora deslocou-se entre as capitais Luanda, Benguela e Huambo e a cidade da Catumbela durante os três trabalhos de campo realizados em diferentes períodos de 2014, 2016 e 2017. As quatro cidades angolanas foram escolhidas por conta de sua alta concentração de instrumentistas, shows ao vivo, festivais e públicos, assim como programas de rádio segmentados e estúdios de gravação.

Em sua pesquisa, a autora realizou 22 entrevistas com integrantes das bandas (em atividade ou não) e acompanhou a sessão de gravações do primeiro álbum da banda Dor Fantasma, em Luanda; além de manter contato com produtores e outros profissionais veiculados ao panorama roqueiro angolano.

Entre os aspectos abordados estão a produção do rock durante o período colonial (1960-1975); a retomada do rock na década de 1990, durante a guerra angolana; os impactos econômicos da guerra no acesso às tecnologias musicais; a importância dos festivais, e as dinâmicas das bandas com os públicos locais para consolidar o rock.

Com isso, o livro revela as formas de criatividade dos músicos angolanos para driblar as adversidades e estabelecerem as culturas do rock no país. Entre as características, a professora demonstra como as performances musicais transitam entre culturas de gênero – por exemplo, o rap, a música angolana e o metal – e como essas concepções da música constituem uma vivência de angolanidade. Para ilustrar a discussão sobre a música entre culturas de gênero, são analisados os álbuns “Chegando” e “Focus” lançados pelas bandas Black Soul e M´vula, respectivamente.

Em sua apuração, Melina dos Santos conversou com integrantes das bandas Before Crush, Black Soul, Dor Fantasma, Horde of Silence, Kosmik, Last Shout, Lunna, Instinto Primário, M´vula, Ovelha Negra, Projectos Falhados, Singra, Silent Whisper, Sentido Proibido, Still Rolling With Times, Tiranuz, Zé Beato & os Desempregados.

Além de uma viagem pela cultura rock/metal de Angola, “We do rock too” estimula um questionamento sobre o que constitui verdadeiramente uma cultura rock, criando assim um antídoto à imposição de modelos americanos ou eurocêntricos de cultura roqueira.

Melina Aparecida dos Santos Silva é pós-doutora no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Doutora pelo Programa de Pós-Gradação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde desenvolveu pesquisa com o movimento do rock angolano e a produção da cultura do rock no contexto de pós-guerra civil. É autora de artigos e capítulos sobre culturas do metal brasileiro e africano, rock angolano, performance e experiência musical, distribuição musical nas redes digitais. Participa da editora fonográfica Cube Records Angola, com Carlos Bessa e Yannick Merino, na área de marketing musical.