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Livro debate a inclusão dos homens no combate ao machismo

A violência que atinge as mulheres no cotidiano se manifesta de diversas formas, perpassando casos como os de feminicídio, de assédio, ou de discriminação em determinados ambientes de trabalho. Inclusive, é comum a queixa de as mulheres terem salários inferiores aos dos homens em funções equivalentes. A luta contra os efeitos dessas injustiças e agressões, contudo, não deve ficar restrita ao sexo feminino, uma vez que a demanda por uma sociedade mais equânime e pacífica beneficia à maior parte da população global.

E justamente um debate sobre o papel masculino na questão feminista está no cerne de “Precisamos falar com os homens?”: colonialidade e estratégias de transformação das masculinidades, de Vanessa do Nascimento Fonseca. Sem negar a necessidade de os homens participarem da causa feminista, a publicação da Editora da UERJ discute de que forma eles têm incorporado essa luta  e quais os efeitos desse envolvimento

O livro fundamenta-se na experiência de onze anos da autora em metodologias consideradas transformadoras das masculinidades. Essa vivência desdobrou-se em países da América Latina (Peru, Paraguai, Bolívia, Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Honduras, além do Brasil) e da África (Moçambique, Mali e Costa do Marfim).

O trabalho desenvolvido visava à obtenção de resultados melhores em saúde e direitos humanos, com ênfase na igualdade de gênero, e gerou a produção de notas e diários de campo, em uma abordagem etnográfica que norteou o processo de escrita do livro agora publicado pela EdUERJ.

O desafio de Vanessa do Nascimento foi árduo: definir estratégias de forma a estimular os homens a refletirem sobre os valores relacionados à masculinidade,  no contexto de uma sociedade em que “os atributos masculinos têm sido parâmetro para a compreensão da espécie humana”. 

Aqui vale ressaltar que, não obstante, a igualdade de gênero seja um princípio legal e internacional desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,  a obra aponta que “a ideia de que os homens tenham um papel em relação a esse princípio é bastante recente”.

A autora enumera alguns recortes históricos que tangenciam essa procura por conscientização masculina. Na década de 1980, por exemplo, a questão do combate à Aids ocasionou a necessidade de se discutirem as relações de subordinação das mulheres e dos gays no contexto patriarcal e findou por instigar financiamentos de pesquisas e intervenções voltadas para o conhecimento dos homens e para a alteração de seus comportamentos machistas. Já no final da década de 1990, consolidaram-se diversas iniciativas da sociedade civil voltadas à promoção da saúde e dos direitos humanos em sintonia com a valorização da mulher.

Em consonância com o embate por um mundo mais igualitário, o título frisa que não basta “falar com os homens”, denotando que eles também precisam estar dispostos a ouvir e refletir sobre o que as mulheres ou a sociedade têm a dizer. Isso implica, para muitos, sair da “zona de conforto” de se enxergarem sempre como únicos protagonistas.

O livro pode ser adquirido em formato epub ou impresso, sob demanda: