A nova edição do Podcast da EdUERJ é um convite a discutir aspectos da literatura africana, colonização, e, sobretudo, a intersecção entre política e arte. O convidado é o professor Marcelo Brandão Mattos, autor de “A geração da distopia: Representações da angolanidade na prosa contemporânea de Luandino Vieira, Pepetela e João de Melo (EdUERJ, 2021).
Na conversa, o professor explicou que a proposta do livro surgiu a partir da percepção dos novos ventos que sopravam em direção à produção literária angolana. “A minha visão da literatura africana estava ligada à afirmação, à busca de identidade, a um projeto de independência do país, portanto a um projeto de utopia, de construção de uma unificação de forças contra o inimigo invasor”.
Contudo, uma mudança de perspectiva iniciou-se com a leitura do romance O livro dos Rios, de Luandino Vieira, cujo autor propôs-se a questionar valores, outrora caros à literatura de Angola. A obra apontava esse processo de “desconstrução da utopia”, ousando debater crenças que, até a independência do país, em 1975, eram consideradas inquestionáveis.
“Quando li tive um susto. Ao fazer a análise daquele instante literário, vi que Luandino não estava sozinho. Há outros escritores fazendo a mesma coisa. Então eu fui buscar essa produção de novos sentidos”, contou Marcelo.
São escritores, como Pepetela, Luandino e João de Melo, a quem o autor referiu-se como a Geração da Distopia, por ecoarem uma desilusão com o panorama contemporâneo de Angola.
O título da publicação da EdUERJ é uma referência direta à A geração da utopia, de Pepetela.
“A distopia é exatamente esse desencanto, esse revés da utopia, essa ruina, essa decomposição, da construção do que foi o projeto da utopia”.
Gostaria de ouvir essa conversa sobre literatura angolana?