Sereia de papel: visões de Ana Cristina Cesar

A leitura de Ana Cristina César tem sido um dos principais procedimentos de mobilização da produção poética e crítica brasileira a partir dos anos 80. Os ensaios aqui reunidos a retomam por diferentes vias. Por um lado, abordam questões incontornáveis sobre o modo como uma poética prosaica, baseada numa retórica da conversação e da correspondência, se associa à prática intensa de apropriação e citação da tradição literária e encena assim a tensão entre desejo e distância do outro. Por outro lado, redimensionam essas questões e impasses não só na medida em que à abordagem de relações intertextuais já conhecidas – com Jorge de Lima, João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade Manuel Bandeira, ou Mallarmé, Baudelaire, Silvia Plath, Katherine Mansfield , Walt Whitman- vem se somar a dos portugueses Herberto Helder, Al Berto, e Ruy Belo e do africano Patraquim. Mas porque o fazem por meio de um singular investimento teórico-crítico nas relações entre tradução e xamanismo, entre prática pedagógica e ensaística, entre elaboração poética e produção de pautas, entre a escrita como palco e os bastidores do artesanato manuscrito datiloestenografado. A poesia é revelada assim como lugar de uma experiência estética e ética exposta em suas dores e dúvidas, em que o desejo de torça e comunhão se recusa a toda facilidade identitária. – Celia Pedrosa.

ISBN: 978-85-7511-381-3
Nº de Páginas: 214
PDF: 3,73 Mb